Visita de estudo ao Centro Hospitalar Conde de Ferreira
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- Criado em 04 dezembro 2017
O Referencial de Educação Para a Saúde prioriza a intervenção psicopedagógica no âmbito do tema “Saúde Mental e Prevenção da Violência”, determinando que “a Saúde Mental na Infância e Adolescência deve ser entendida numa vertente adaptativa do desenvolvimento e do comportamento”, daí que “certas manifestações do mal-estar podem ser transitórias, ultrapassáveis e até maturativas.
Têm sempre um valor de comunicação e convocam-nos à interação, pelo que se torna fundamental capacitar os adultos com funções educativas, bem como potenciar o espaço Escola como contexto privilegiado para estas aprendizagens e consolidações.”
Por sua vez, o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória define competências na área de bem-estar e saúde, consagrando que os alunos devem ser responsáveis e estar “conscientes de que os seus atos e as suas decisões afetam a sua saúde e o seu bem-estar”, assumindo “uma crescente responsabilidade para cuidarem de si, dos outros e do ambiente e para se integrarem ativamente na sociedade”.
Ora, o programa de Psicologia B aborda o domínio da Psicologia Aplicada, com especial ênfase na Psicologia Clínica. Além disso, distingue as intervenções de técnicos de saúde mental, nomeadamente dos psicólogos, psiquiatras, psicanalistas e neurologistas. Nesse contexto, o aluno aprende a reconhecer a importância da saúde mental, contactando com a aplicação de algumas formas de psicoterapia (a terapia psicanalítica, as psicoterapias humanistas, comportamentais e cognitivas).
Neste sentido, as duas visitas de estudo ao Centro Hospitalar Conde de Ferreira (nos dias 22 e 28 de novembro) contribuíram para o questionamento do conceito de “normalidade” e para o reconhecimento da linha ténue que separa a sanidade e a loucura; permitiu também o contacto direto com o carácter da instituição psiquiátrica, assim como com os métodos terapêuticos utilizados nos diversos problemas de saúde mental. Os alunos aprenderam que o Centro Hospitalar Conde de Ferreira é uma unidade assistencial de referência nacional e internacional na área da Saúde Mental.
Foi o primeiro hospital construído de raiz para a Psiquiatria em Portugal (em 1883), assumindo-se, desde logo, como um estabelecimento inovador.
Vocacionado para a assistência, formação e investigação na área da Psiquiatria e Saúde Mental, o CHCF assegura um apoio técnico e humanizado aos doentes. Os cuidados são prestados em regime de internamento e de ambulatório a doentes psiquiátricos ou com perturbações aditivas (toxicodependência, alcoolismo, entre outras), através de consultas de Psiquiatria e Psicologia, complementadas pelos serviços do Hospital de Dia. O estabelecimento inclui, ainda, o Parque José Avides Moreira, com 3 hectares de espaço natural destinado ao desenvolvimento de um projeto de hortas terapêuticas, aberto à comunidade. Inclui ainda um Centro de Dia para Doentes de Alzheimer e Outras Demências, o qual oferece um atendimento especializado e terapêutico, com recurso ao uso combinado de medicação e terapias não farmacológicas. Uma equipa multidisciplinar aposta na Estimulação Cognitiva, Estimulação da Autonomia para as Atividades da Vida Diária, Terapia Ocupacional, Estimulação Psicomotora e Fisioterapia. Também esta resposta do Centro Hospitalar Conde de Ferreira revela-se como um investimento na prestação de cuidados de saúde de referência e excelência.
Visitámos ainda a exposição “Panóptico – do dispositivo de vigilância ao paradigma da biopolítica”. Esta exposição procura fazer uma reflexão sobre as mudanças de paradigma das diferentes formas de vigilância ao longo dos tempos, aproveitando a estrutura existente na unidade de saúde da Misericórdia do Porto.
No final do século XIX, pouco tempo após a abertura do Hospital Conde de Ferreira, a necessidade de criação de celas destinadas a doentes "furiosos" ou "agitados" impôs a construção de novos pavilhões. O modelo Panóptico, criado por Jeremy Bentham, uma estrutura arquitetónica que seria capaz de reformar a moral e promover a ordem social, serviu de inspiração a dois novos edifícios no recinto Hospitalar. Esta exposição, centrada no conceito alargado de panóptico, faz uma reflexão sobre as mudanças de paradigma das diferentes formas de contenção, tanto no contexto psiquiátrico como na sociedade atual.
Uma última palavra para a Dra. Maria da Luz Saraiva, que teve a amabilidade de nos receber e guiar durante as visitas, apresentando-nos parte da equipa clínica do Centro Hospitalar, que responderam com clareza às perguntas colocadas pelos alunos de Psicologia do Colégio D. Dinis.